Foi-se a video by _FitterHappier on Flickr.
terça-feira, 28 de junho de 2011
Foi-se
Foi-se a video by _FitterHappier on Flickr.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Piedade de nós
Piedade, quando matar de fome a esperança das crianças.
Quando chutares os sonhos, junto com a bola,
Piedade.
Dos homens que na seca pelejam,
E voltam sem nada nas mãos, e tantas outras só regressam com calos.
Ao moleque que aponta todos os dias armas ao invés de lápis de cor,
Piedade.
Ao abrir a janela procurando o barulho do rouxinol
Deparo-me com balas
Piedade,
Pois a bala não é nada doce.
Piedade das meninas vendendo o corpo
Trocando Narizinho,
Por uma dose de cachaça
Piedade, pois é dose.
Piedade, pois falta pão até para o diabo amassar.
Piedade, quando disseres que o que é do homem
O bicho não come.
Sim, não come, pois bem que o bicho é o homem.
Quando chutares os sonhos, junto com a bola,
Piedade.
Dos homens que na seca pelejam,
E voltam sem nada nas mãos, e tantas outras só regressam com calos.
Ao moleque que aponta todos os dias armas ao invés de lápis de cor,
Piedade.
Ao abrir a janela procurando o barulho do rouxinol
Deparo-me com balas
Piedade,
Pois a bala não é nada doce.
Piedade das meninas vendendo o corpo
Trocando Narizinho,
Por uma dose de cachaça
Piedade, pois é dose.
Piedade, pois falta pão até para o diabo amassar.
Piedade, quando disseres que o que é do homem
O bicho não come.
Sim, não come, pois bem que o bicho é o homem.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Amnésia
Às vezes tenho a sensação de estar sumindo, como as águas do rio, que não voltam. Como a tinta da carta em meio uma chuva, esvaecendo-se, e não é que eu não pertença a esse mundo, mas é o mundo que não me pertence, como se o traje de humano não cobrisse meu corpo por inteiro. Sinto mais frio que o resto das pessoas. E não tem nenhuma fantasia que me agrade nesse baile de rejeitados. Todo dia parece que uma parte do meu corpo some, uma vez acordei sem meus olhos, “olhava” as pessoas pelo som que elas emitiam ruídos e miados desafinados. Algumas vezes me olho no espelho e não sei quem é que está mentindo. É como se eu enxergasse meus medos naquele reflexo. Se sair correndo, talvez, o reflexo não consiga me alcançar e o medo fique preso no espelho. E no outro dia que acordo, não sinto minhas pernas, minhas mãos, não sinto fome, nem calor, vem o que minha mãe me disse uma vez “nós precisamos nascer todos os dias”, e a única coisa que sinto é que fui abortada. Que todas as minhas tentativas de nascer todos os dias falharam. Talvez seja isso, precisamos nascer todos os dias para que o fracasso de ontem não seja lembrado, assim incluímos nossos amores, felicidade, nascer todos os dias é amnésia. Que me inventou isso?
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Escravos de Jó
"Escravos de Jó jogavam caxangá
Tira, bota deixa o Zé Pereira ficar
Guerreiros com guerreiros ‘jaziam’ zigue zigue zá..."
O amor implora para ser protegido pelo escudo
A paixão varonil soergue espadas bradando guerra e invadindo muros.
Antes de ler tais prantos, abastado leitor, fique com o prólogo mais curto que escrevi nos nefandos daquele verão... Ai desse apaixonado que por muito vê pouco enxerga.
Pés de borboletas sôfregas, tão bela que doía os olhos dos que fremiam admirar tal donzela. E bailava, como bailava! Rodopiava viés com sua saia bordada de ardor, quiçá quando não parecia um pião. E o que pernoitava na cidade era que a moça reencarnava paixão.
O balanço do quadril era feito aguardente, e os imigrantes que de todos os portos chegavam, tomavam doses das vestes ardentes da criatura que trajava delírios ao invés de tecidos.
E cantara e gritara e grunhia. E só ela, só ela conseguira tal feito de apedrejar afagando, pois suas carícias deixaram cicatrizes, e os seus murros eram mais delicados que afago de um espinho à flor.
E naquela roda, naquela dança, no gingado de libélula, olhara para um homem que olhara para ela.
E brotaram-lhes orquestras no peito.
Tremiam no pudor satânico que lhes roçavam às partes íntimas da carne. Se é que não se fez do corpo uma parte íntima de tais.
-De onde vistes tal épica dama, fazendo-me gozar o corpo?
E dançaram-se e tripudiaram-se e lambuzaram-se.
E no fim de toda noite pagara ele luíses de ouro para que ela pudesse bailar-lo ao léu do alvorecer, até que com as últimas moedas acabara-se também o amor dela.
... Quando reticência vira três pontos... Na testa.
Mas era ele encantado por tais pés daquele gingado, que voltara, e voltara e... E via sua senhora carregar bêbados para os bordeis adentro.
Nalguma dessas, ouvira uma sonata com voz tão baixa que parecia rezar...
“Se essa rua fosse mia, mandara eu ladrilhar, com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes e viria meu amor passar?” E pensara ela no eufemismo de tal cantiga. Mocinhas que enfeitam suas ruas para que seus cavaleiros sujem-nas com estrupos e vômitos de orgasmos.
E o homem interrompera essa beleza de pensamentos.
-De onde vem esse coração que goza?
-Nunca vi um coração que goza. Falara como se estivesse ao padre.
-Cá está, meu coração que goza puro, asseado, por tal criatura imaculada que mais parece fortuna expulsa do céu.
E vestiu-se toda de alma.
-Tu não vais ficar. Teu corpo, Dom Juan, é cor de batom, teus olhos salpicam desejo, e tuas carnes falam por si só, e falam um nome doce de outra.
Zeus, brejeiro, mandara um cúpido com duas flechas acertar o mesmo peito.
-Eu confesso-lhe que nos dias de verão quero valsar com ela, mas nas noites de primavera quero cantar contigo.
-Digo-te meu querido, fico com teu amor, mas jogo-te daqui. Amar duas é amar nenhuma. Porque amar é se entregar da alma com corpo, com corpo de alma, é se entregar só para um ser, querendo ser devorado só pelo mesmo, amar tanto parece prisão, cheiro estranho, sol quadrado, e tu já não sabes como é o mundo do lado de fora.
"O amor é como um abismo, quando você pensa que está voando, pode já estar caindo"
E acabo aqui, bruto leitor, morro com minhas próprias palavras. Abuso dos sentimentos dos outros para vender esse conto. Pois escrever meus romances nada mais é do que usar tais pessoas ingênuas que passam na minha calçada. É a pena, que sente a pena de mim...
Era uma vez uma ciranda sem cirandar.
Tira, bota deixa o Zé Pereira ficar
Guerreiros com guerreiros ‘jaziam’ zigue zigue zá..."
O amor implora para ser protegido pelo escudo
A paixão varonil soergue espadas bradando guerra e invadindo muros.
Antes de ler tais prantos, abastado leitor, fique com o prólogo mais curto que escrevi nos nefandos daquele verão... Ai desse apaixonado que por muito vê pouco enxerga.
Pés de borboletas sôfregas, tão bela que doía os olhos dos que fremiam admirar tal donzela. E bailava, como bailava! Rodopiava viés com sua saia bordada de ardor, quiçá quando não parecia um pião. E o que pernoitava na cidade era que a moça reencarnava paixão.
O balanço do quadril era feito aguardente, e os imigrantes que de todos os portos chegavam, tomavam doses das vestes ardentes da criatura que trajava delírios ao invés de tecidos.
E cantara e gritara e grunhia. E só ela, só ela conseguira tal feito de apedrejar afagando, pois suas carícias deixaram cicatrizes, e os seus murros eram mais delicados que afago de um espinho à flor.
E naquela roda, naquela dança, no gingado de libélula, olhara para um homem que olhara para ela.
E brotaram-lhes orquestras no peito.
Tremiam no pudor satânico que lhes roçavam às partes íntimas da carne. Se é que não se fez do corpo uma parte íntima de tais.
-De onde vistes tal épica dama, fazendo-me gozar o corpo?
E dançaram-se e tripudiaram-se e lambuzaram-se.
E no fim de toda noite pagara ele luíses de ouro para que ela pudesse bailar-lo ao léu do alvorecer, até que com as últimas moedas acabara-se também o amor dela.
... Quando reticência vira três pontos... Na testa.
Mas era ele encantado por tais pés daquele gingado, que voltara, e voltara e... E via sua senhora carregar bêbados para os bordeis adentro.
Nalguma dessas, ouvira uma sonata com voz tão baixa que parecia rezar...
“Se essa rua fosse mia, mandara eu ladrilhar, com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes e viria meu amor passar?” E pensara ela no eufemismo de tal cantiga. Mocinhas que enfeitam suas ruas para que seus cavaleiros sujem-nas com estrupos e vômitos de orgasmos.
E o homem interrompera essa beleza de pensamentos.
-De onde vem esse coração que goza?
-Nunca vi um coração que goza. Falara como se estivesse ao padre.
-Cá está, meu coração que goza puro, asseado, por tal criatura imaculada que mais parece fortuna expulsa do céu.
E vestiu-se toda de alma.
-Tu não vais ficar. Teu corpo, Dom Juan, é cor de batom, teus olhos salpicam desejo, e tuas carnes falam por si só, e falam um nome doce de outra.
Zeus, brejeiro, mandara um cúpido com duas flechas acertar o mesmo peito.
-Eu confesso-lhe que nos dias de verão quero valsar com ela, mas nas noites de primavera quero cantar contigo.
-Digo-te meu querido, fico com teu amor, mas jogo-te daqui. Amar duas é amar nenhuma. Porque amar é se entregar da alma com corpo, com corpo de alma, é se entregar só para um ser, querendo ser devorado só pelo mesmo, amar tanto parece prisão, cheiro estranho, sol quadrado, e tu já não sabes como é o mundo do lado de fora.
"O amor é como um abismo, quando você pensa que está voando, pode já estar caindo"
E acabo aqui, bruto leitor, morro com minhas próprias palavras. Abuso dos sentimentos dos outros para vender esse conto. Pois escrever meus romances nada mais é do que usar tais pessoas ingênuas que passam na minha calçada. É a pena, que sente a pena de mim...
Era uma vez uma ciranda sem cirandar.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Caniço pensante
Nunca me senti tão sábio quando descobri em mim a eterna ignorância de um rato.
Não existe maior metafísica da qual a do não saber.
Essa do não saber que não sei
Porque saber, saber mesmo, quem sabe?
E esse tal de ceticismo
Se por ventura, eu, deveras indagar tudo
Cá estou eu duvidando da minha suposta crença em nada.
Pois se em nada acredito, cá estou acreditando.
Levem-me daqui os dogmas, pois tais são como os ovos desonerados chocados por galinhas mortas.
Contesto ter desaprendido um dia, que dantes nos meus graúdos sete anos não me dava habilitação, mas me levara conhecer a tal da terra do nunca.
Tão sábio, sabia eu que as estrelas eram minhas, sabia que de algum modo se outrem de meu amor mais profundo partisse, estaria ele guiando-me em forma de estrela.
Desculpem-me astrônomos, cientistas e toda essa gente de branco, mas não conheço ninguém
chamado Saturno.
Que quero eu saber de morte?
Não sei. Se tu sabes, guarde-a contigo.
Porque da minha morte cuido eu.
Que quero eu saber de viver?
Ah, não sei. Se tu sabes, leve-a contigo.
Porque se penso eu no mistério da morte, que tempo terei eu
para pensar nas peripécias da vida?
Para vivê-las?
Mas não me venham aqui com seus meios e fins
Meus meios são feitos de fins, e meus fins justificam sim os meus meios.
Estes mesmos olhos do futuro
São os mesmos olhos do presente
Jazem os mesmos do passado.
O que eu sei do mortal?
Que sei eu do imortal?
Que tudo isso só vai nos tornar mais solitários que já somos.
Indagar, averiguar, devassar...
quarta-feira, 23 de março de 2011
O rei, o bicho e o vício.
São as palavras que me devastam, o meu vício por elas, como charuto ao Burguês, ou cocaína ao traficante.
Eu, homem vil, vivo no subúrbio perseguindo virilhas e heroínas. Poetizando e titicando minhas noites com as putas, elas sempre tão adocicadas, abrindo suas pernas, mulheres, sempre arreganhando suas pernas para nós, homens, que fomos concebidos por elas, escancaradas pernas ao nascer, e por estas mesmas escancaradas coxas roliças vamos falecer.
Eu que não uso essas mulheres, sou empregado, abusado, estrupado por todas, e não me esqueço dos quadris, e os seios que dantes eu segurava arfando, e que tive a mazela de partir.
Sou eu um homem, que antes escravo sonhava com a liberdade, agora, entrego-as o tronco e o chicote.
Pudera eu espalhar meu coração, tal como posso espalhar meus espermas. Pois sempre deixo uma a chorar, e meus caminhos não são os de João e Maria, não marco com pedacinhos de pães. Vou e me perco.
“És tu o homem que abre o zíper, e fecha o peito”. Esse sou eu, só não venha aqui, senhora, culpar-me de mentir. Pois há demônios em padres, e em todos os demônios têm um pouco de vigário.
Um dia da caça é outro do caçador, pois caçar dor é tudo que aprendi. E deixo-as, para que fiquem com saudades. Tenho necessidade que penses em mim todos os santos e demoníacos dias.
Não sou do coração vasto. Vasto nem é meu coração. Suspeito eu que o tenha, pois gosto dos seios, não do peito delas, gozo por bundas, e não por suas conquistas de março. E o que me fascina é o cheiro que emana do ventre, e não é pelo discurso clichê de que vós podeis gerar vida, é pelo odor de ser macho e procurar reprodução, no dito, sexo.
Sim, confesso, eu sou errado, tu és errada, nós, vós e eles, só sabemos sugar e sugar, até enchermos nossas barrigas e vomitar e defecar, depois mascaramos com a desculpa de nós sermos “humanos”. Quem é humano aqui?
Bactéria, macaco e homem, que evolução...
Mas cabe aqui, minha humilde confissão, eu-homem-Poros, astuto e engenhoso, cabe a mim o destino de se apaixonar por Penúria, que penar! E eu-homem-Eros, sou faminto e sedento de amor, invento mil astúcias para ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora rico e cheio de vida.
Eu, homem vil, vivo no subúrbio perseguindo virilhas e heroínas. Poetizando e titicando minhas noites com as putas, elas sempre tão adocicadas, abrindo suas pernas, mulheres, sempre arreganhando suas pernas para nós, homens, que fomos concebidos por elas, escancaradas pernas ao nascer, e por estas mesmas escancaradas coxas roliças vamos falecer.
Eu que não uso essas mulheres, sou empregado, abusado, estrupado por todas, e não me esqueço dos quadris, e os seios que dantes eu segurava arfando, e que tive a mazela de partir.
Sou eu um homem, que antes escravo sonhava com a liberdade, agora, entrego-as o tronco e o chicote.
Pudera eu espalhar meu coração, tal como posso espalhar meus espermas. Pois sempre deixo uma a chorar, e meus caminhos não são os de João e Maria, não marco com pedacinhos de pães. Vou e me perco.
“És tu o homem que abre o zíper, e fecha o peito”. Esse sou eu, só não venha aqui, senhora, culpar-me de mentir. Pois há demônios em padres, e em todos os demônios têm um pouco de vigário.
Um dia da caça é outro do caçador, pois caçar dor é tudo que aprendi. E deixo-as, para que fiquem com saudades. Tenho necessidade que penses em mim todos os santos e demoníacos dias.
Não sou do coração vasto. Vasto nem é meu coração. Suspeito eu que o tenha, pois gosto dos seios, não do peito delas, gozo por bundas, e não por suas conquistas de março. E o que me fascina é o cheiro que emana do ventre, e não é pelo discurso clichê de que vós podeis gerar vida, é pelo odor de ser macho e procurar reprodução, no dito, sexo.
Sim, confesso, eu sou errado, tu és errada, nós, vós e eles, só sabemos sugar e sugar, até enchermos nossas barrigas e vomitar e defecar, depois mascaramos com a desculpa de nós sermos “humanos”. Quem é humano aqui?
Bactéria, macaco e homem, que evolução...
Mas cabe aqui, minha humilde confissão, eu-homem-Poros, astuto e engenhoso, cabe a mim o destino de se apaixonar por Penúria, que penar! E eu-homem-Eros, sou faminto e sedento de amor, invento mil astúcias para ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora rico e cheio de vida.
sexta-feira, 4 de março de 2011
A última dança- O baile dos afogados
Insisti “bem me quer- mal me quer”, assim acabei com todas as rosas da floricultura de Maria.
Por onde tu andaste? Em que cama repousou? Quem é a dona destes sorrisos de rei? Óh, olhos-negros-abismos-profundos, voltastes? Não, foi só uma visita breve, pois estavas a repousar no sofá, sentira falta deste cheiro que tanto reclamava de casa mofada, mal sabias tu que quem mofava não era a casa, éramos nós.
Procurei-te tanto, espalhei suas fotos em meio praças e ferrovias, gritei por ti, choraminguei nos ladrilhos, daquela rua que não, que não era minha e não tinha pedrinhas de brilhantes. E nem vi, nem vi meu amor passar.
Condenado por Colombina, Arlequim voejou, encontrou-se em outros contos de fadas, e com marcas de dentes aprendeu o prazer que só gente sente. Padeceu sobre todas as camas, todas as casas, sobre telhados diferentes, sobre outros jardins, sentiu o cheiro de inúmeros lençóis, morreu de amor, matou por ele. Estava fantasiado, a descoberta do vinho, levou-te ao meu esquecimento.
Deixe-me dizer que virei teu anjo da guarda, já não sou mais teu amor de carne, tua bela moça de beijos e apertos, descobri-me um querubim, que tanto de amor por ti, criou asas para te proteger, não sou tua amada, sou guarda. Despenquei-me em silêncio, diferente dos outros, sou um anjo com espadas e escudos. Agora, só olho-te de longe, guardo um manto, pois sei que depois das farras com as fadas, tu te sentes só, faz do seu corpo concha, e a dor toma de conta da alma, tens medo do escuro, tens medo que a própria alma venha o assombrar.
Daí, cá estou eu, cantando uma cantiga de ninar. Servindo de Morfeu para teus sonhos. Servindo de voz para o silêncio que te assustas. Servindo de ar para teus pulmões. Eu estou aqui. E agora tu podes dormir.
Amanheceu, tenho de ir... Ainda me pergunto: como seria se tu não resolvesses me dar um beijo na ponta do nariz e me fechar os olhos.
Fostes e não voltastes. Não voltastes.
E com os anéis no chão, convido-te para a última dança, peço-te em meio a Quimera.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Sophia, Clarice, Ana...
"Estou na caridade da evolução do meu ser. Quero ser menina, encontro-me mulher...
Quero ser mulher, vejo-me menina..." Ferreira Gullar
Fazia sol-chuva, chuva-sol, era um frio abafado, não sei se pingos ou suor, talvez os dois... “Bom dia, Bom dia”, se eles pelo menos olhassem nos meus olhos, saberiam quão bons são os dias e me denunciariam por tráfico. E vou andando, tem uma pedra no meio do caminho, outra, outra e mais outra, Drummond tu só viste um micro-pedregulho-reluzante-inflámavel, desvio das pedras, mas acabo de perceber que despencam meteoros, a moça do tempo não avisou sobre isso.
Corri para entrar no bonde, corri tanto que minha alma saiu do meu corpo. Que alma? Uma lama podre e Cubana, vendida aos Americanos, que me cegaram com suas possibilidades do “Green card”, defecaram-me de possibilidades, ficando cada vez mais ricos sugando almas, assim, como a minha. Até no Ganges as fezes se acumulam, devido o corpo lavado naquela água, Tietê de esgotos, Ganges de almas. Um ótimo lugar para o suicídio, das bostas viemos, para bostas retornaremos.
Vejo um homem que dá o passo maior que a perna. Ele cai no bueiro e os ratos o devoram. O mundo está poluído, não falo de efeito estufa, falo do odor que nossos corpos-carniças exalam, deve ser por isso que meu olho arde tanto.
Entro no bonde, e na janela vejo meu reflexo, côncavo, convexo, corcovado? Ilusão, o que reflete não sou eu, é uma armadilha, mas também não é a garota do fantástico, sou apenas uma nota fiscal, e valo exatamente 1kilo de mortadela, que comprei ontem.
Olho para o lado de fora, vejo um casal, acho estranho classificar duas pessoas de “casal”. Eles estão se beijando, na África diriam que eles estão trocando almas, eles são bonitos, lindos de doer, sabe? Poderia descrever eles como... E agora, esfregando os olhos, vejo que eles se transformaram em dois vira-latas, no cio, um cheirando o rabo d’outro, ela lambe suas partes intimas, venerando-se, ele rosnando atrás do seu próprio rabo. Então vou concluir... Amar para mulher é lamber suas virilhas, enquanto, o macho-vira-lata rosna para seu próprio rabo. Tenho uma quota para sentimentalidade, deixo os cães, o amor, as virilhas. Cães que estranham o próprio rabo.
Olho para as pessoas que estão dentro do ônibus; contas, trabalho, crianças, casamento, separação, sexo, dinheiro, Jesus-seja-louvado, brio, cana, frustrações, vazio, velhice, medo, misture tudo, uma batida de desesperança servida sem gelo. E isso viraria uma bela melodia de poesia, mais uma bela rima sobre púbis. Não existe nada de poético nas vermes que corroem as tripas do garoto.
Esfrego os meus olhos. Sou jogada no bordel, isso não passa de um prostíbulo, nossas genitálias rendem o prato de cada dia, cada dia que nós damos hoje. Comam. Nossos Santos que nos protejam da próstata, “crescei-vos e espalhai-vos gonorréia”.
Fecho meus olhos... –Estava sonhando, tentando dormir.
-Quem é ela? Quem é ela? Q-u-e-m s-o-u e-u? Não tenho amigos imaginários, acho que eu sou um amigo imaginário. Abortei-me. Tenho treze filhos. Meu ventre é oco. Tenho medo de dormir. Tenho medo de acordar. Tenho uma goteira no meu quarto. Não tenho quarto?
Acordo... Acorda, vejo o livro que... De quem é esse livro?
Dizia, “Nada morre no vasto mundo, mas tudo assume aspectos novos e variados...” Responda-me, e esses malditos, benditos, gatos? Não sei. Só sei que essa brincadeira de alguém ter me transformado em humano é de mal grado, antes eu deveria ser um porco lindo e gordo, deve ser isso, uma bela primavera, um porco brincando no esterco e, agora um humano que despreza a lama.
Da próxima vez quero nascer relógio, e que esses humanos morram, faleçam de medo de mim. Quero que eles saibam que não podem abraçar o mundo com suas pernas paraliticas. Queria que eles soubessem que destruir menos não é deixar de destruir.
O menino que entra no ônibus vendendo bala: Três balas por um real. “Três balas por um real”... As pessoas compram as balas, talvez se sintam menos culpadas. “Comprando uma bala ganho um passaporte no paraíso”. O que eu faço? Imagino... O menino grande, segurando uma arma, grita: um real ou três balas na cabeça.
Desvio minha atenção, olho pelo vidro, uma placa 60 quilômetros, imagino... Uma placa “sua escolha”, que caos seria, acidentes, atropelamentos... Que caos seria. Uma placa dizendo quanto nós devemos correr. Somos uns anêmicos, correndo em sessenta quilômetros por hora.
Tenho nojo de mim, sim, enojo todo meu corpo. E sempre achei que quando você critica demais o calo do mundo, é quando você nunca tentou tirar o sapato para ver o tamanho do seu.
Cheguei ao meu ponto, desço do bonde, atravesso. De longe consigo ler uma placa no portão do colégio: Estão canceladas todas as aulas, por falta de água.
O que eu imagino? ...
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
As chagas de Maria
Enquanto atravessava a porta sem olhar as cartas que estavam no chão. O ranger era de escárnio. Uma mulher sã e civilizada é assim que nas propagandas políticas imploravam meus votos. Uma mulher imaculada e honesta é assim que na igreja me vendem o paraíso, enquanto calada digo “amém”. Madalena, Afrodite, luxúria, gozo e fetiches pra que na cama a antífona seja o despir dos meus pecados mais pungentes.
Desculpem-me, mas ainda não sei gemer, votar e rezar tudo ao mesmo tempo. Pra ser mulher tem que ser atriz, atriz antes de ser mulher.
Gotejavam, eram os últimos suspiros dos céus.
O mesmo cheiro de casa, as mesmas cadeiras, retratos de um matrimônio que racharam as paredes.
Roupas nas malas, o sapato guardado e algumas filosofias empíricas retiro do armário. Aprender com as experiências, não é mesmo?
Habeas- Corpus.
E o nome disso não é saudade.
A ela entrego tuas dores, teus sabores, teu cheiro de mel, seus dentes e bocas, sua alma em véu, seu corpo ao gozo. Deixo-te com ela que é cheia de vida, com cochas de harém e dançante quadris de odalisca. Pois teu cheiro já é ela, e o cheiro dela é a foice na minha boca.
É dela a maçã que tua boca saliva. (Ponto) Strawberry Fields Forever, lembra?
Ela que te cantou e encantou, embriagou-te nos seus lábios boêmios, excomungou as marcas das minhas mãos no seu corpo, e te reacendeu Byron. Não nego que quando estava aqui, fazia-me sorrir e eu até venderia minha alma para ficar com isso, mas depois ia ao encontro dela e era lá que seu suor descia cálido, cortado em canivete. Foram lágrimas que paguei pros instantes que andei sorrindo.
Vértebra por vértebra se esfregando, escorpiões brincando de ferroar, o veneno excitante. Enquanto eu estava no banheiro olhando as rugas que criaram o nome de mulher. Minhas rugas têm nome. Não me sentia traída, afinal, eu era uma confidente das suas noites de amor. Eu estou olhando o meu umbigo, erro da sabedoria popular, olhar para o próprio umbigo dói muito.
Deixo nossos lençóis passados, nossa casa limpa, nossos papéis organizados, o jantar cozido, dotes domésticos dos rituais de mulher. Então você entrará com ela pela porta, derrubará nossos livros, porcos brincando na lama do esterco. Na intenção tola de ser multiplicada, acabei sendo subtraída.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
O recitar de um clown
Tão doce quão uma bicada de abelha.
Levantou-se titubeando, como se as pernas quisessem permanecer sentadas. Os primeiros passos eram acústicos, anunciavam uma bela valsa das fidalgas madrugadas. A boca pintada de sorriso, sorriso ébrio e dissimulo, desses de humanos palhaços que teimam mascarar sorriso em um pobre coração arcado.
Jazem aqui não borboletas no estomago, mas a arca de Noé inteira.
- Não advogo por minha carne, que essa já não me vales nada, sou condenado por sentir, por ousar pintar um seio do corpo mais belo, da camponesa mais bela que meus olhos já viram. Fui perseguido por amar, do amar que fui perseguido!
Juiz - O amor que tu defendes, diga-me, aonde foi parar agora que tu precisas?
-O amor se fantasia de gente, pois é de gente que se faz o amor.
Juiz- Estupor! Saberás tu que os humanos matarão e morrerão por amor. Que um dia esquecerão a fantasia de amar. E de soldados serão chamados os que de amor matar.
- Sei também que haverá as Julietas e os Romeus. E que esses de amor eterno matarão a morte, azar, sorte? E com seus versos criaram asas para transpor o muro, que ressuscitarão quando dois olhos, assim, miúdos, de dois seres se encontrarem, olhos o canal do coração... E deles, Julieta e Romeu viverão.
O amor... Amor é destes que tu ofereces às mãos, e ele, brejeiro, te pega os pés, joelhos, calcanhares e seios, leva tua alma e devolve mordida e sem anseio.
O amor não é cego... Como pensa os humanos... Amor tem visão de pássaro. Que de milhas distantes da tua amada, ainda poderá ver o rosto da criatura nas noites enluaradas.
Juiz- Cala-te palhaço, tu és um lunático que vive de rima. Acha que conhece o amor, fale-me então qual é o sabor?
- De beijo tem o sabor de amor.
Juiz- Vós que aqui estão, olhem, é notório que o palhaço não está são. Que acha que é de amor que vive o homem, e que demais inventa lamuria de contos, pois nem nos meus pontos uma trilogia dessas verossímeis nascerá. Que o amor é traiçoeiro finca à espada no peito de quem abre portas pro sujeito!
Condeno-te.
- Condenado já estou! Condenado de amor. Cada um que estais aqui descende de dois corpos, que mesmo por uma noite, se entrelaçaram e se consumaram no berço de Afrodite.
-Diga-me, Senhoras, quem de vós nunca mordeu os lençóis de tanto amor no peito? O amor é destes que te faz andar nas pontas dos pés nestas madrugadas infiéis, para não acordar o ser amado, que dorme ao lado. O amor te faz doer e te faz chorar, sim! Mas o amor, oh te faz querer sorrir mesmo quando dos mais altos abismos cair. Os corajosos são os que amam! Os que amam são corajosos! Pois eu que amo, como todos que amam serão julgados. E os medrosos do amor, estarão atrás de uma mesa com seus ternos e suas muletas. E esses sim, são os verdadeiros condenados!
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Preparar, apontar... Frio.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Gregoriano
É de dar voltas sobre os pastos, e as folhagens secas, uma nostalgia tam profunda que ignota uma fonte que abastece nos tempos de estiagem.
É por ti ter, Senhora, que seguro o chapéu mesmo em furacão, que seja teu o meu coração. Naufragando nas terras secas. Vistes que nem sou poeta, não te encanto aos contos, não a beijo em poemas, não lamento te faltar tremas. Verbos que não sei conjugar. Por qual é de você que degusto os olhos de tam belas que é, foges de mim aos burros como uma Hégira. Foges para quando sentir-me que sou seu venha querer ficar. Tem minha cabeça, São João Batista na sua bandeja, Salomé.
Mesmo que volte à seca do quinze e minhas terras estéreis fiquem, saibas que das minhas mãos tens meus pés.
Um encanto e me comove os olhos, um amor que grunhi, cavalga e que foge aos padrões de lenha na fogueira, é uma queimada na selva dessas que explode os calcanhares, devoras árvores.
E como eu a encontrei?
Descia formosa, vaga como um caracol, um deslumbre que os zéfiros encostavam lentamente sobre teus cabelos de linhagem fina, devias tu cheirar alvorecer. Dessas manhãs fidalgas que exala lente quente, uma virgindade na pele quase transluziu, tornei-me cravo, girassol, lírios para te contemplar, para te igualar, te guardar. Tudo por um balanço de quadris que Afrodite nenhuma faria igual. Tu conseguias a arte de pausar o balanço das árvores, que inferno é amar demais, pegarei meu cavalo e sorrindo encontrarei meus pecados. Se tu ficaste, fincaste.
Finca tua bela mão dentro do meu corpo, arrancas meu coração e grita como se descobrisse terras, terras nunca outrora descobertas, descobridora! Iça tua espada e batize-me com teu nome de Santa.
Quero me prender, quero me libertar, quero voar no oceano! Quero o prazer dos prazeres, sentir doce e salgado na mesma carne. Isso tudo me arde os ossos, quebra-me ao meio, imaginação impiedosa de um pobre cangaceiro ateu.
Deus que fizeste essa mulher da minha costela. Agora, me colocastes na sua frente para que eu pudesse recuperar o osso perdido. Fazer-me inteiro, homem completo. Digo-te que já não tens volta, devolva-me o que eu te dei.
Moça deixa esse teu céu um pouco de lado, essas tuas nuvens que não a deixa se ferir, deixa de querer ser tão imaculada, dá-me sua mão que no meu cavalo cabe mais um.
domingo, 2 de janeiro de 2011
Conversa de Judas.
Pergunto-me como chego ao irreal do mundo, quando os escrevo os escravos. Como chego ao lugar? Simples, não o chego.
Então ele segurou meu coração, olhou como se fosse chorar, era quente? Disse-me: É de ferro, duro. Como carregas isso? Isso? Pensei, não o disse, que sejas isso o produtor de massa sentimental que fazes tu viver este sonho, mazelo.
Sinto-me leitora e personagem do contexto. Vou me afundando no pecado alheio, como se fosse o meu, dor e felicidade, pensamento, ébrio, devoção, sentimentos que não padecem quando cremados.
Usas o salto ao contrário. Fere teu pé. Melhor do que usar no peito que fere coração. Sangrarás do mesmo jeito, morrerás do mesmo sangue escasso.
Hamlet? Consumimos esse amor inventado nos livros, filmes, puros, impuros, mal e bem acabados, sonoplastia que absorve toda nossa capacidade de amar em vida. Amamos a arte, machucamos por ela.
Falastes de pé, e descrevestes mãos? Como se meus pés fossem minhas mãos. E não o é? Não o são. Singular, nunca te achei plural. Dores? Não, dor. O singular é egoísta, sabe? Você é uma perfeita singular onde não cabem “s’s”. Suspeitas do meu acolhimento? Por qual suspeitaria?
A decoração do restaurante era obscura, o frio vinha e voltava conforme o vento. Zéfiros bailavam, bailavam com tanta intensidade que ascendia uma neblina, poeira dos zéfiros.
Desenhastes meu coração quando anunciou “decifra-me...” Acho uma tolice, não sou obrigado a decifrar-te, como se Vieira palestrastes um sermão. Asneiras. Devora-me? ......................
Duas opções; estrupa-me ou ejaculo-te.
Já está aqui dentro. Que suco gástrico. É banquete. Asneiras. Por quais Asneiras? Não pergunte. Brás Cubas. Quincas Borba. Queres mendigar? Queres o adultério? ....... Não posso ser Virgília? Não sou Brás.
Abraçamos nossos umbigos, companheiros ternos de eternos. Perdemos metade dele e ele continua conosco, olhe pro seu umbigo, não, não é egoísmo.
Aí, tu vendes almas? Não, vendo flores. Então, aí tu vendes almas. Tenho uma floricultura. Uma cultura de flores? Pareces que não mo entende. Entendo. Contrario-te. Silêncio? Não preciso o contrariar, teus olhos já o fazem por mim. Não nego.
Aí está um pouco de Arlequim, Pierrot, Colombina. São sentimentos, leitor.
Eu poderia matar-te hoje. Não o faz por quê? Não viveria sem teu amor. E sem mim? Tu, cadáver ainda teria amor? Por ti? Responda-me. Rio Lethe acabaria comigo. Esquecer-me-ia? Nasce comigo?
Nasce comigo?
Depois da morte, uma promessa, nasce comigo?
Reencarna no meu corpo? Vou engolindo terras dentro do meu caixão.
Suspeito que nascer e morrer é perfeitamente igual. Não te lembras nada antes da vida, não te lembras nada depois da morte.
O céu está lindo hoje. Escárnio. Uma Fermata. O Universo? A poesia. Ela morre. E como morre. Então? Morre, mas vive. Não entendo. Não me decifras.
A matéria física, sólida, derrama, evapora-se. Posso até pegar o ar com os dedos.
Como tu te chamas? Ambiguidade. Não entendo. Vou-me embora. Já? Espere. Sim? Como te encontro. Não encontra. Adeus? Sempre...
Então ele segurou meu coração, olhou como se fosse chorar, era quente? Disse-me: É de ferro, duro. Como carregas isso? Isso? Pensei, não o disse, que sejas isso o produtor de massa sentimental que fazes tu viver este sonho, mazelo.
Sinto-me leitora e personagem do contexto. Vou me afundando no pecado alheio, como se fosse o meu, dor e felicidade, pensamento, ébrio, devoção, sentimentos que não padecem quando cremados.
Usas o salto ao contrário. Fere teu pé. Melhor do que usar no peito que fere coração. Sangrarás do mesmo jeito, morrerás do mesmo sangue escasso.
Hamlet? Consumimos esse amor inventado nos livros, filmes, puros, impuros, mal e bem acabados, sonoplastia que absorve toda nossa capacidade de amar em vida. Amamos a arte, machucamos por ela.
Falastes de pé, e descrevestes mãos? Como se meus pés fossem minhas mãos. E não o é? Não o são. Singular, nunca te achei plural. Dores? Não, dor. O singular é egoísta, sabe? Você é uma perfeita singular onde não cabem “s’s”. Suspeitas do meu acolhimento? Por qual suspeitaria?
A decoração do restaurante era obscura, o frio vinha e voltava conforme o vento. Zéfiros bailavam, bailavam com tanta intensidade que ascendia uma neblina, poeira dos zéfiros.
Desenhastes meu coração quando anunciou “decifra-me...” Acho uma tolice, não sou obrigado a decifrar-te, como se Vieira palestrastes um sermão. Asneiras. Devora-me? ......................
Duas opções; estrupa-me ou ejaculo-te.
Já está aqui dentro. Que suco gástrico. É banquete. Asneiras. Por quais Asneiras? Não pergunte. Brás Cubas. Quincas Borba. Queres mendigar? Queres o adultério? ....... Não posso ser Virgília? Não sou Brás.
Abraçamos nossos umbigos, companheiros ternos de eternos. Perdemos metade dele e ele continua conosco, olhe pro seu umbigo, não, não é egoísmo.
Aí, tu vendes almas? Não, vendo flores. Então, aí tu vendes almas. Tenho uma floricultura. Uma cultura de flores? Pareces que não mo entende. Entendo. Contrario-te. Silêncio? Não preciso o contrariar, teus olhos já o fazem por mim. Não nego.
Aí está um pouco de Arlequim, Pierrot, Colombina. São sentimentos, leitor.
Eu poderia matar-te hoje. Não o faz por quê? Não viveria sem teu amor. E sem mim? Tu, cadáver ainda teria amor? Por ti? Responda-me. Rio Lethe acabaria comigo. Esquecer-me-ia? Nasce comigo?
Nasce comigo?
Depois da morte, uma promessa, nasce comigo?
Reencarna no meu corpo? Vou engolindo terras dentro do meu caixão.
Suspeito que nascer e morrer é perfeitamente igual. Não te lembras nada antes da vida, não te lembras nada depois da morte.
O céu está lindo hoje. Escárnio. Uma Fermata. O Universo? A poesia. Ela morre. E como morre. Então? Morre, mas vive. Não entendo. Não me decifras.
A matéria física, sólida, derrama, evapora-se. Posso até pegar o ar com os dedos.
Como tu te chamas? Ambiguidade. Não entendo. Vou-me embora. Já? Espere. Sim? Como te encontro. Não encontra. Adeus? Sempre...
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