sábado, 18 de setembro de 2010

Cantiga de despindo-se.





Eis cá meu arlequim
Devoravas pétalas do meu jasmim

Foi-se embora cantando aos prantos
Eu,regozijando,regozijando.

Da tua pele senti  o sabor do amor
E quando me tocava ao corpo fervia a vapor.

Da minh’alma tu te alimentaste
Agora cospes, e pede-me chaves.

Tu que dormias sobre meu corpo nu
Cegara teus olhos aquele belo mar azul?

Meu broto arlequim
Porque disseras que morrias por mim?

Cá eu ébria pelo vinho teu
Agora vivo sóbria, faço-me ateu.

Meus lábios que dantes eram molhados
Vivem cá agora em sertões castigados.

    Aflita, fiz gestos que parecem gritos
E o que voltou foi o eco da minha voz, maldito.

O hálito da sua boca ainda esquenta minhas veias
Como os pés no inverno, precisam daquelas meias.


Nos seus cabelos, estou trançada
Calve-se, e eu seguirei estrada.


Este peito que se acendia
Hoje vive a uma vela vadia


Não se lembras do meu vestido vermelho?
Que tu nas noites, despia ao desespero


Da gargalhada
Fez-se pranto.
Do teu amor
Um canto.
Das marcas
Cascas.
Das asas
Harpas.

Eu fui perguntar para os bêbados na rua
Onde estarão tuas doces formas cruas?


Quem sabe à noite
O tronco não tenha açoite.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sem verba


    Veja!Extra!Caras!Grita o menino com o jornal na mão, vendendo informação com a barriga seca de pão. As pessoas que passam, já não sabem ler, e mesmo que soubessem não perderiam seu tempo, lindo, tempo. Não existe tempo para ler nem para escrever, como está seu tempo?
"Nublado". E por falar em chuva, vou pegar minhas roupas no varal. Na volta com as roupas na mão, vi que o sol já estava voltando. Quem sabe se eu lesse o jornal...
Olhando tudo em minha volta,vi,veja a organização construída sobre o alicerce da monstruosa desordem. Veja o relógio.
Tic-tac. Tic-toc.
Faz seu trabalho. Não pode parar. Então o homem cria à bateria, para a bateria.
Servos ao relógio. Quem falou que à ditadura acabou?
Vamos lá, cronometrados para sermos felizes.
Teoria do caos?Da relatividade?Não, essa é a teoria dos ponteiros.
Donde o maior domina o menor, e os segundos pintam a cara protestando.
24, vinte e quatro horas, para sentir o orgasmo fervilhar as veias e depois viramos e dormimos.
8 horas é o ideal, dizem os “espécie-a-listas”, oito horas nos dão para recarregar as frustrações de soldados em guerra civil, ou quem sabe tudo isso não passa de um canil. E para um bom sonhador oito horas não bastam.
06h00minhocas. Alarme grita, sorriso é alegria.
Ao acordar, viramos espermatozóides killers, e tudo se relaciona em fecundar um óvulo, correr, correr, fecundar. E se algo der errado?Estima-se que 60% da população sofrem de aborto espontâneo.


   Repetir o inquérito, reformar a casa, redesenhar a fossa.


   E quem sabe uma autogamia, reviver, viver, ver, vi. Não, cegos por uma poluição já não se vê mais nada. Só que o Sir. Hipocre dizia: que prefere se hospedar na UTI(Unidade de temor indeterminável)a viver na epidemia de cegueira. E quem sabe o veterinário, (médico)venha visitá-lo hoje.
A bolsa caiu. Cuidado com o ladrão. Vamos comprar!Comprar!O mercado de 24 horas está aberto. Que coincidência. Nua, pousando a moscas e com a validade violada tem algo que nos chama atenção, o presunto chama-se verdade porque “saúde” este já existe. Nós compramos e depois revendemos com 50% de desconto, parcelamos a felicidade em 12 meses, porque dívida é felicidade. Então, que ela possa durar 2 semestres.
Somos orientados a vencer em uma disputa de anônimos. Ou, você sabe quem está sentado à sua direita?
      É nessa arraia-miúda que criamos nossas proles, que se tornarão grandes ateus, a seus, não a nossos.Vou servir meu chá das quatro e comemorar o bélico perdido.
Porque “faça amor não faça guerra”. Oh, Marcuse eles não sabem o que fazem.
Desculpa, não ressuscitarei no terceiro dia.