Eis cá meu arlequim
Devoravas pétalas do meu jasmim
Foi-se embora cantando aos prantos
Eu,regozijando,regozijando.
Da tua pele senti o sabor do amor
E quando me tocava ao corpo fervia a vapor.
Da minh’alma tu te alimentaste
Agora cospes, e pede-me chaves.
Tu que dormias sobre meu corpo nu
Cegara teus olhos aquele belo mar azul?
Meu broto arlequim
Porque disseras que morrias por mim?
Cá eu ébria pelo vinho teu
Agora vivo sóbria, faço-me ateu.
Meus lábios que dantes eram molhados
Vivem cá agora em sertões castigados.
Aflita, fiz gestos que parecem gritos
E o que voltou foi o eco da minha voz, maldito.
O hálito da sua boca ainda esquenta minhas veias
Como os pés no inverno, precisam daquelas meias.
Nos seus cabelos, estou trançada
Calve-se, e eu seguirei estrada.
Calve-se, e eu seguirei estrada.
Este peito que se acendia
Hoje vive a uma vela vadia
Hoje vive a uma vela vadia
Não se lembras do meu vestido vermelho?
Que tu nas noites, despia ao desespero
Que tu nas noites, despia ao desespero
Da gargalhada
Fez-se pranto.
Do teu amor
Um canto.
Das marcas
Cascas.
Das asas
Harpas.
Fez-se pranto.
Do teu amor
Um canto.
Das marcas
Cascas.
Das asas
Harpas.
Eu fui perguntar para os bêbados na rua
Onde estarão tuas doces formas cruas?
Onde estarão tuas doces formas cruas?
Quem sabe à noite
O tronco não tenha açoite.
O tronco não tenha açoite.