segunda-feira, 9 de maio de 2011

Piedade de nós

Piedade, quando matar de fome a esperança das crianças.
Quando chutares os sonhos, junto com a bola,
Piedade.
Dos homens que na seca pelejam,
E voltam sem nada nas mãos, e tantas outras só regressam com calos.

Ao  moleque que aponta  todos os dias armas ao invés de lápis de cor,
Piedade.
Ao abrir a janela procurando o barulho do rouxinol
Deparo-me com balas
Piedade,
Pois a bala não é nada doce.

Piedade das meninas vendendo o corpo
Trocando Narizinho,
Por uma dose de cachaça
Piedade, pois é dose.

Piedade, pois falta  pão até para o diabo amassar.

Piedade, quando disseres que o que é do homem
O bicho não come.
Sim, não come, pois bem que o bicho é o homem.