segunda-feira, 4 de abril de 2011

Caniço pensante

Nunca me senti tão sábio quando descobri em mim a eterna ignorância de um rato.










Não existe maior metafísica da qual a do não saber.
Essa do não saber que não sei
Porque saber, saber mesmo, quem sabe?

E esse tal de ceticismo
Se por ventura, eu, deveras indagar tudo
Cá estou eu duvidando da minha suposta crença em nada.
Pois se em  nada acredito, cá estou acreditando.

Levem-me daqui os dogmas, pois tais são como os ovos desonerados chocados por galinhas mortas.

Contesto ter desaprendido um dia, que dantes nos meus graúdos sete anos não me dava habilitação, mas me levara conhecer a tal da terra do nunca.
Tão sábio, sabia eu que as estrelas eram minhas, sabia que de algum modo se outrem de meu amor mais profundo partisse, estaria ele guiando-me em forma de estrela.
Desculpem-me astrônomos, cientistas e toda essa gente de branco, mas não conheço ninguém
chamado Saturno.

Que quero eu saber de morte?
Não sei. Se tu sabes, guarde-a contigo.
Porque da minha morte cuido eu.

Que quero eu saber de viver?
Ah, não sei. Se tu sabes, leve-a contigo.
Porque se penso eu no mistério da morte, que tempo terei eu
para pensar nas peripécias da vida?
Para vivê-las?

Mas não me venham aqui com seus meios e fins
Meus meios são feitos de fins, e meus fins justificam sim os meus meios.
Estes mesmos olhos do futuro
São os mesmos  olhos do presente
Jazem os mesmos do passado.

O que eu sei do mortal?
Que sei eu do imortal?
Que tudo isso só vai nos tornar mais solitários que já somos.
Indagar, averiguar, devassar...