quarta-feira, 5 de junho de 2013

O paradoxo da borboleta




Sentou-se ao meu lado. Sua aparência franzina, seus cabelos avermelhados e suas sardas que pulavam tal como granulados coloridos eram as únicas coisas que eu conhecia dele. Além dos olhos que de certa forma me lembravam aos de uma Orca. Sabe, gostaria de poder descrever quão forte é a sensação de um ser te mirar com os olhos de Orca. Certa “OniImpotência” me tomava o corpo. E quando termino de relatar tais pensamentos surgiam suas primeiras palavras:

- Desde quando existem as borboletas? Perguntou-me.

Sinto imediatamente à gastrite retalhar meu estômago.  As malditas pessoas deste ônibus não sabem o que está acontecendo? Ou estão apenas sendo simplesmente levadas a qualquer lugar?
Respondo-o.

-Desde que nasci elas sempre estiveram aqui.

-Ah, então são eternas.

Ele respondeu com um ar de quem não havia sido surpreendido.

-Não sei se são eternas. Mas são eternas para mim, desde que nasci elas existiam e vão continuar existindo mesmo depois de minha morte. 

Seus olhos de Orca agora estavam como se fossem dar o bote.

-Sempre existirá algo antes de você e continuará existindo mesmo depois da sua morte. É assim que vai ser.

Termino meu pensamento. Ele parece não estar interessado. Fica olhando para janela procurando alguma coisa. E assim me diz...

-Será que a borboleta cansada de voar e fatigada de conhecer o eterno. Certo dia de sua vida a única coisa que ela desejaria não seria voltar para o seu casulo e tornar a ser lagarta, sendo assim protegida pelo quentinho de sua casa? Acho que toda borboleta certo dia de sua vida sente uma falta danada da época em que era lagartinha. 

Retruca-me.
Aí minha gastrite!