Tão doce quão uma bicada de abelha.
Levantou-se titubeando, como se as pernas quisessem permanecer sentadas. Os primeiros passos eram acústicos, anunciavam uma bela valsa das fidalgas madrugadas. A boca pintada de sorriso, sorriso ébrio e dissimulo, desses de humanos palhaços que teimam mascarar sorriso em um pobre coração arcado.
Jazem aqui não borboletas no estomago, mas a arca de Noé inteira.
- Não advogo por minha carne, que essa já não me vales nada, sou condenado por sentir, por ousar pintar um seio do corpo mais belo, da camponesa mais bela que meus olhos já viram. Fui perseguido por amar, do amar que fui perseguido!
Juiz - O amor que tu defendes, diga-me, aonde foi parar agora que tu precisas?
-O amor se fantasia de gente, pois é de gente que se faz o amor.
Juiz- Estupor! Saberás tu que os humanos matarão e morrerão por amor. Que um dia esquecerão a fantasia de amar. E de soldados serão chamados os que de amor matar.
- Sei também que haverá as Julietas e os Romeus. E que esses de amor eterno matarão a morte, azar, sorte? E com seus versos criaram asas para transpor o muro, que ressuscitarão quando dois olhos, assim, miúdos, de dois seres se encontrarem, olhos o canal do coração... E deles, Julieta e Romeu viverão.
O amor... Amor é destes que tu ofereces às mãos, e ele, brejeiro, te pega os pés, joelhos, calcanhares e seios, leva tua alma e devolve mordida e sem anseio.
O amor não é cego... Como pensa os humanos... Amor tem visão de pássaro. Que de milhas distantes da tua amada, ainda poderá ver o rosto da criatura nas noites enluaradas.
Juiz- Cala-te palhaço, tu és um lunático que vive de rima. Acha que conhece o amor, fale-me então qual é o sabor?
- De beijo tem o sabor de amor.
Juiz- Vós que aqui estão, olhem, é notório que o palhaço não está são. Que acha que é de amor que vive o homem, e que demais inventa lamuria de contos, pois nem nos meus pontos uma trilogia dessas verossímeis nascerá. Que o amor é traiçoeiro finca à espada no peito de quem abre portas pro sujeito!
Condeno-te.
- Condenado já estou! Condenado de amor. Cada um que estais aqui descende de dois corpos, que mesmo por uma noite, se entrelaçaram e se consumaram no berço de Afrodite.
-Diga-me, Senhoras, quem de vós nunca mordeu os lençóis de tanto amor no peito? O amor é destes que te faz andar nas pontas dos pés nestas madrugadas infiéis, para não acordar o ser amado, que dorme ao lado. O amor te faz doer e te faz chorar, sim! Mas o amor, oh te faz querer sorrir mesmo quando dos mais altos abismos cair. Os corajosos são os que amam! Os que amam são corajosos! Pois eu que amo, como todos que amam serão julgados. E os medrosos do amor, estarão atrás de uma mesa com seus ternos e suas muletas. E esses sim, são os verdadeiros condenados!
Excelente!
ResponderExcluirFaz tempo que não comento aqui xD
Mas esse eu não poderia deixar passar.
Ficou ótimo, menina.De uma compreensão simples e complicada, acredito que para aqueles que ja provaram do que o texto fala a compreensão será simples.Para os outros, eu já não sei.
Profundo, como sempre.Me passando sentimentos que antes eu não tinha, como sempre.
Gostei de mais, mesmo.
Muito bom, menina.Continue assim.
[minha singela opinião >.<]
Abs.
_Qlqr
Fascinante. Pra quem vê beleza em algo que parece triste, mas é sincero. Porque o amor é belo, mas ninguém pensa assim enquanto encharca o travesseiro...
ResponderExcluirMuito bom, Jéssyca.
Meu Deus, como é que eu não conhecia seu blog ainda? Que coisa sensacional, falar de sentimento, nesse caso do amor, de uma forma tão visceral e ao mesmo tempo sutil, ricamente ilustrada por palavras. Nossa, to impressionado com seu jeito de escrever! BRAVÍSSIMO!
ResponderExcluirhttp://estacaoprimeiradosamba.blogspot.com/
Muito bom o seu texto!!!! Parabéns pelo blog. Abraço.
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